Pular para o conteúdo

Jean-Luc Thunevin e o Chateau Valandraud

fevereiro 26, 2013

Por Aldo Assada

O Chateau Valandraud é conhecido por ser um Bordeaux de estilo moderno, com ênfase em fruta e taninos. Ou para os mais críticos, os vinhos do Jean-Luc Thunevin podem ser apenas claretes pesados e excessivamente moderno para um Bordeaux.

De qualquer forma, é inegável que seus vinhos possuem qualidades e virtudes de um Bordeaux de alta qualidade.

Nesta semana passada, fui numa degustação e palestra do Jean-Luc Thunevin promovida pela Casa do Porto juntamente de meu chefe Caíque, que também também tinha muita curiosidade, pois seus vinhos, mesmo sendo muito bons não eram necessariamente baratos. De minha parte, que nunca havia provado o Chateau Valandraud, seria uma boa oportunidade de conhecer e conversar com um dos produtores mais badalados do mundo.

O Jean-Luc, que aparenta ser muito sereno e calmo em suas respostas, também é convicto em seus pontos-de-vista quando indagado ao fazer vinhos mais alcóolicos. “Na minha concepção, é impossível fazer vinhos (em St. Emillion) de graduações menores de álcool. Não tenho como colher as uvas menos maduras pois elas não estarão na qualidade desejável para fazer o vinho” diz ao ser questionado por um dos participantes do porque não colher antes para evitar a “sobrematuração” e consequentemente a elevação da graduação alcóolica no resultado final. “Também lembro que o álcool é um importante condutor nos aromas do vinho” diz de maneira enfática. “No começo da década de 90, os vinhos atingia 12% a 12,5%. Hoje é praticamente impossível fazer isso” lembrando também da questão do aquecimento global.

Seus vinhos me chamaram atenção em alguns quesitos:

i) Não faz vinhos somente em St. Emillion mas também faz na região de Cotes-de-Blaye, Pomerol e fora de Bordeaux como no Languedoc-Roussillon (dentro desta última, ele faz até Maury!)

ii) O estilo moderno não sobrepõe a boa acidez em todos eles.

iii) A utilização do carvalho francês de primeiro uso é praticamente padrão mas não é possível notar exageros ou “sobra” de madeira em nenhum deles.

Notas de degustação

J.L.T. No° 1 de Valandraud 2009

Segundo o Jean-Luc, este é um branco que faz passagem em madeira.

Toques herbáceos, algo que lembra amanteigado. Em boca tem boa acidez, estrutura média sem ser “gordo”.

7,0

Preço: R$ 840,00

J.L.T. No° 2 de Valandraud 2009

Diferentemente do exemplar anterior, este já não passa em madeira. 

Herbáceo, toques minerais bastante intensos. Um branco de Graves? Um pouco desequilibrado em boca.

6,5

Le Clos du Beau Pére 2006 Pomerol

18 meses em carvalhos franceses novos

Defumado, fruta vermelha em compota. Abre um pouco de alcatrão. Em boca possui fruta bastante concentrada, acidez e corpo médio.

7,5

Preço: R$ 350,00

Clos Badon Thunevin 2006 St. Emillion Grand Cru 

Bem expressivo em nariz demonstrando café torrado, chocolate e bastante fruta madura. A boca é contrastante com o nariz pois  espera-se bastante concentração de fruta e tanino, o que não ocorreu. Interessante.

7,5

Preço: R$ 310,00

Chateau Valandraud 2009

65% de Merlot, 25% Cabernet Franc e 10% restantes entre Cabernet Sauvignon, Malbec e uma pequena parte em Carmenérè.

Pimentão verde e groselhas aparecem em primeiro plano mas “fecha-se” abruptamente em alguns momentos. Em boca a acidez é excelente, taninos finos e elegantes. Moderno sem extremos?

8,0+?

Preço: R$ 2.580,00

L´Interdit de V……d! Vin de table N.V. (2000)

Uma experiência feita por ele nas safras de 98 e 99 devido a quantidade de chuvas. Houve a inusitada idéia de cobrir o solo com plástico, que ajudava a escoar a agua para longe das parreiras. Esse tipo de recurso foi imediatamente recusado pelo governo local, chegando ao ponto de interditar (daí o nome) com faixas policiais em torno do vinhedo. O rótulo, bem humorado por sinal, aparece uma grade de prisão com as mãos sobre os ferros.

Devido a experimentação ter sido  engarrafado, o vinho foi rebaixado para Vin de Table.

Evidentemente evoluído lembrando terra molhada e pimentões. Em boca decepciona a falta de equilíbrio entre acidez x fruta. Taninos praticamente ausentes.

6,0-

Preço: R$ 2.500,00

Thunevin-Calvet Les Trois Marie Côtes-du-Rousillon Villages 2006

100% Grenache

Esmate de unha (defeito ou virtude/qualidade?) e muita fruta fresca intensa. Complexo. Ataque inicialmente doce com excelente acidez. Encorpado. Álcool muito pronunciado em fim de boca.

(O valor deste vinho foi anunciado em mesa: R$ 800,00!)

7,5

Thunevin-Calvet Maury 2004

Único vinho doce da degustação.

Intenso. Doce com excelente equilíbrio da acidez. Muito bom!

9,0

Deixe um comentário

Deixe um comentário